ABORTO
O corpo, nú
Numa maca, fria
Lagrimas quentes,
Da face escorria.
Um aborto, proibido
Pela lei do homem
O descaso no corpo
O filho novo,
Que morria...
Mais lagrimas desciam
Agora da alma,
Por ver a face desfigurada
Que de seu corpo saia.
Meu filho!, ela gritava
Enfermeiros, sogra e médico,
do lado estavam,
mas ninguém fazia nada
E agora? Pobre coitada?
O bebê nascera morto,
E isso Severina esperava.
Mais por que não abortar antes
Se os médicos já diziam?
Por que os engravatados do judiciário
Eram quem decidia
Se o filho de Severina,
que já se formara morto
Vivia ou morria.