A justiça do condenado
O sonho perverso que menti ao te contar.
O crime gostoso que não quis cometer.
Os olhos amedrontados que não desviavam ao me fitar.
A lamparina que não quis o escuro apagar.
Minha vítima do crime conta sua versão dos fatos.
A mentira inventada que conta toda a verdade.
Olhos cegos só querem saber de boatos.
Para o vil, a mentira é a companheira do condenado.
Esse olhar que me incrimina pelo crime acidental.
Eu quis, mas não tanto... sou alguém normal.
Meu desejo, no íntimo, não era fazer o mal.
Mas silenciar meu acusador era mais que o ideal.
O que é justo é a injustiça que cai sobre o acusado.
Sem crime, com medo, arrependido do atentado.
Muito sangue inocente havia provado e derramado.
Porém, o mais quente, deixava seu estômago embrulhado.
Olhos vitimados que me fazem de agressor.
Portas de rancor que não se abrem ao amor.
Procurando por caminhos que só levam à tua (minha) dor.
Sentindo frio em um mundo que não doa mais calor.