MAR DA SOLIDÃO
Sou o mar
Maresia ocular
Ressaca de amar
Teu amor de águas turvas.
Muda
O silêncio me desnuda
Em lágrima
Em chuva
Tudo em redor de ti
Destrói numa derrapante curva
Que será de mim que sou navegante em busca de ajuda?
Sou o mar rebentando nas rochas
Apagando tochas
Banhando pernas, galochas...
Sou o mar...
Abra os braços
Vem navegar
Em minhas águas claras
Segreda teus caprichos em minhas ondas
Se molha
Se lava
Vem e me salva
Deste rebento que sai do meu olhar...
Maré cheia
Meu corpo boia
Em tuas profundezas nuas
Mas
Se não me procuras
Se ignoras meu coração
Confesso, posso naufragar
Numa única gota de solidão.