QUANTO MAIS?
Quanto tempo mais o homem precisará para entender
que amor não se faz na cama,
que o brilho está na escama,
que o riso é uma chama
que acende o rosto
de quem o tem posto
em sua boca?
Quanto tempo mais o homem precisará de ar para respirar
dentro dos tubos de ensaio
que o espiam de soslaio
enquanto ele, deitado numa cama de espuma,
só espera ser morto pela chusma
que o espia pelas lentes de aumento
da desolação?
Quanto tempo mais o homem precisará para rever
seus conceitos e filosofias
que o transformam, a cada dia,
no selvagem de alma inabitável
que campeia lá pelos lados da voracidade?
Quanto tempo mais para se descobrir incapaz
de reduzir a distância entre ricos e pobres,
plebeus e nobres,
do ouro e do cobre,
da vida e da morte?
Quanto tempo mais o homem precisará
para inventar o desinvento,
aquele que o fará parar o tempo
para que crie condições de olhar as mínimas coisas ao redor,
reparar na vítima e no algoz,
olhar criticamente para o feudo e o desmantelamento da sociedade,
recupere a sanidade herdada que deuses, a bem da verdade,
deram a ele as condições para que procriasse liberdades?
Quanto tempo mais até que atinja a espiritual maturidade?