Palavramundo
A primeira palavra que li
Não era minha.
Não tinha nada de mim,
Nada do que vivi eu vi ali.
Era uma derivação prefixal qualquer,
Com seu sentido preso nas incontáveis
folhas dos dicionários.
A segunda, essa já podia chamar de minha.
Ela tinha uma forma, uma textura,
Coisa boa que podia ser tocada,
Vivenciada, lida, relida e transformada.
Essa eu fixei melhor, não derivava de outros mundos.
Vinha da minha gente, tinha raiz, sentido profundo.
Era cheia de formas de se dizer,
Cheia de sentidos e ouvidos que podem entender.
Essa foi minha primeira palavra
De uma coleção que não se deixou de crescer.