DESTARTANDO...O TEMPO
Passar pelo tempo é como fazer arte:
Adverbiar...
“ destarte” em toda e qualquer parte.
Destartar a lida de toda dor sofrida
Depois de colhida ser flor concebida!
É viver assim...no percurso incerto
Destarte ser verso a qualquer anverso.
É saber a hora de dar-se ao embora
A esquecer os traços do melhor de outrora.
Ter no pedestal apenas os agoras
Pois passar no tempo só nos revigora.
É sorrir do tudo já despercebido,
E fazer banquete do sonho contido.
É agradecer aos quaisquer momentos
Vil aprendizado é um grande evento!
É saber usar o melhor batom...
O melhor sorriso, no mais sóbrio tom.
É baixar o salto tão pré- concebido
Degustar o solo mesmo empedernido.
Saber escolher o melhor vestido
A comemorar o tudo estarrecido.
A melhor poesia ao declamar da hora
O melhor enredo antes de ir embora.
Poder escolher o melhor lugar
Sem sequer saber se se vai chegar.
Musicalidade sempre em tom floral
É saber viver em pleno carnaval...
É ceifar os campos com o mais forte fôlego,
Mesmo ao desastre do pior restolho.
É aceitar o defeito do igual alheio
E nele enxergar –se no seu próprio espelho.
É maquiar a ruga, d’alma profunda...
Destartar desnuda toda estrada curva.
É introjetar o melhor à mente...
Não se transformar num ego indigente.
É sentir o vento nos roçar o seio...
Marulhar qual mar... ao se sentir inteiro.
Destarte o tempo, rei absoluto
Não se submete ao nosso sobretudo.
Passar pelo tempo é vida pungente,
Assim... coroada: ao destino gente.