ENTRE AS NOITES DO PASSADO E A NEBLINA QUE COBRE O FUTURO

Nos esconderijos de um tempo vivido e remoto

Sinto a nostalgia percorrendo o meu corpo;

É um tempo que não existe mais...

Um tempo que sinaliza o quanto a finitude

É a condição de tantas vidas presentes!

Os ventos de uma época extinta

Ecoam soturnamente sobre a memória,

Provocando vertigens pela lembrança

Que insiste em ser revivida;

Os ecos das lembranças se propagam

Para todos aqueles que não apagaram

Tantos fragmentos vibrantes,

Fragmentos das vivências

E dos bons acontecimentos

Repletos de encanto e lirismo...

Vivemos em meio a uma passagem

Situada entre as noites do passado

E as portas de um porvir incerto;

O amanhã é uma neblina espessa

Que desponta no horizonte,

Mas enquanto isso, caminhamos

E a cada passo ficamos indecisos

Sobre o que está para além

Dessa cortina sem dúvida misteriosa...

Sinto que o porvir

É algo um tanto ameaçador,

Mas quando somos clareados

Pela luz que a fé lança sobre a nossa visão,

Saboreamos o espetáculo

De nossa terra prometida

Se anunciando logo à nossa frente...

A névoa se dissipou

E a vida que floresce pelo amanhã

É aimentada pela manifestação

Do amor infinito que supera

As barreiras de nossos medos

E das incertezas mais nefastas.

O passado ressoa na alma e nos faz

Sensíveis a tantas lembranças pertinentes!

Já o porvir, nos desafia

Escaparmos dos labirintos da confusão,

Das incertezas e dos medos paralisantes,

A fim de vislumbrarmos, pela força da fé,

Os cumes da liberdade tão almejada!

Entre o passado e o porvir,

Ficamos situados no instante,

No ínfimo instante

Onde de maneira perseverente

Nosso ser sonhador manifestamos;

Mas nada apazígua melhor

As ansiedades e os tormentos

Do que o apego incondicional

Daquele que nos ama

E pode tanto nos contemplar!

A escalada é sempre difícil,

Pois o impeto das circunstâncias ainda querem

Nos desviar da senda onde a luz

Possa panoramicamente ser contemplada!

A coragem, por sua vez, nos ajuda

Na luta contra os empecilhos e escolhos...

É um tesouro a inflar de heroísmo

Nosso coração extenuado e vibrante!

Apesar de tudo, a tempestade

Já não é tão forte como antes,

A neblina já amenizou o seu peso pelo espaço;

Enquanto a fé, a cada dia que passa

Cresce e infla como uma ventania

(Juntamente com os aromas do amor),

De modo a empurrrar para bem distante

As trevas da desolação das ilusões e do engano.

A vida é assim mesmo:

Uma longa viagem sem destino certo,

Sempre amplificando o que já foi,

Ao mesmo tempo em que se aproxima

Do que, imprevisivelmente ainda, se sucederá;

Como um fluxo impetuoso,

Segue o seu curso velozmente...

Mas o possibilidade da transcendência,

Da Transcendência pela fé em DEUS

(Onde podemos por um milagre

Vencer a dissolução

E superar as fatalidades),

Continua sendo um bálsamo

Sobre o qual podemos nos aliviar da angústia

E do sofrimento mais inexorável da existência.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 21/11/2016
Reeditado em 21/11/2016
Código do texto: T5830228
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