SEM VER A QUEM

O bem

já não tem vintém

seus olhos sinceros

passeiam sobre os meros

postes de luz apagados

olha pro lado

já não tem a mão estendida

a colher da vida

o desenho do enigma exato

a circunferência chamada prato

cheia de guloseimas

repara

que há um excesso de farpas

um que a mais de pregos

um sobressalto de parafusos

o bem - o bem mais confuso

sai à rua e espia a lua

se escondendo atrás de nuvens

e pede que ela chore raios

cambaios

sobre a cidade tecida em medo e pavor

grita - no meio da rua

o nome que mais gosta - o nome amor...

O bem que se faz sem ver a quem

veste - sem ser herói - a capa do desdém...