CONTRAPONTOS
Quando a luz cinzela o escuro
em dia a noite por fim se desvela
aurora de fractais pendores
tanto mais cores a cada hora
tique-taques agora e agora
a erva que no muro se encastela
os detalhes das flores e quintais
o fruto maduro a flor mais bela
entalhes das peredes e beirais
quando a gente se senta
esquece da vida olhando marés
a água que flui e então reflui
molhando abusada os nossos pés
a macia areia sob nós então rui
a acaricia leve se rebela
a calmaria se desfaz, se dilui
agita-se o mar de procela
o oxido se apodera do tempo
e o torna em passado
o agora se perde de vez
o paradoxo empodera o tempo
e passa a limpo o passado
então é o ontem outra vez
quando tudo são reflexos
dominios do mundo interno
onde há tanto mais de céu
quanto ha de muito inferno
tabus são ocultos com véu
inexatos,confusos, complexos
ora mais isso ou mais aquilo
sem razões, rimas sem nexos
sob ferrugem , sob zinabre
redivivos bem-aventurados
noutras um sabre bem afiado