À deriva
Mar calmo, barco aportado.
Provisões pensadas com cuidado,
Para uma viagem
Em que não haverá volta.
Decidiu então que era hora de ir.
E em certo dia saiu a navegar.
Afastou-se do porto seguro
E em águas profundas lançou-se.
Ao sabor das calmarias e solstícios,
Mas também das tempestades
E dias nublados.
Sem uma rota determinada,
Simplesmente à deriva,
Apenas seguindo o vento,
Pra onde ele quisesse soprar.
À medida que se navega,
É que se aprende a navegar.
Um dia, la no ponto de encontro
Onde o Sol abraça o mar,
Avistou terra firme:
Era hora de ancorar.
Descobriu terra nova,
Batizou-a de "Nossa vida"
E ali decidiu ficar.
Passado tempo,
Percebeu que em Nossa vida,
Sozinho era impossível de viver.
E que barco sem rumo,
É fácil de desviar
Levando a lugar nenhum.