Sombra Errante
Sombra Errante
Minha alma se queda, inquieta,
nas brumas das noites sem luar,
vazia de emoções, de cor e de luz.
É como qualquer estátua erguida
em jardim esquecido, tomado pela floresta,
sombra errante no desfilar dos dias.
Na pedra cinzelada apenas escorre
o negrume das tormentas de ilusões
e, nos veios, gangrena a solidão.
Do olhar, as lágrimas petrificadas
são suspiros moribundos que fenecem
aos cantos e sussurros dos amantes.
Os lábios petrificados se emudecem,
saboreando o sal corrosivo e sedento,
nos murmúrios antecedentes de agonia.
Como te chamar na multidão hostil
caminhando no horizonte longíquo,
se és somente um espírito anónimo?
Como apelar às musas seus encantos
e aos poetas seus cantos e paixões.
Se tudo meu se esvai errante na sombra?
Que carinhos poderão da alma emanar,
que cruzem minha sombra ao teu caminho,
e floresçam amores? Erro da sombra...
Sombra errante de corpo vagabundo!
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