O descarrilamento do trem.

Esqueça, esqueça, por favor, enxergue-se.

A luz da locomotiva vem na contra mão.

A tribuna não está vitaminada.

Não se salva o refém.

A corrida é muito longa, o viajante desceu da lotação errada.

Esqueça é um jogo de sena ideológica.

Participa-se das mesmas regras.

Os mesmos figurantes.

Metaforicamente, imagine o céu todo azul e desértico.

Então caindo na terra uma terrível tempestade.

Sem nuvens e trovões.

Aviso aos navegantes, o trem não tem piloto.

Tudo que acontecerá apenas uma trombada.

A casa sem teto, o prédio construído sobre areia movediça.

A primeira tempestade tudo será destruído.

O vento dizimará as vossas ilusões.

Serão expostos como palhaços de circo, engolidores de fantasias.

O pior que vocês viram que a barca tinha vários buracos em seu lastro.

Mas teve medo do céu azul e desértico.

Como se o vento pudesse criar faíscas de raios.

Destruindo as árvores sobre as quais estavam protegidos.

Hoje jogados as margens de um trilho cheio de areia.

O público retardou a noite só para sonhar.

Dormiu e não percebeu que o sol não nasceu.

Com efeito, o sono transformou-se em um indelével pesadelo.

Os pintores não conseguiram entender.

Que a figura sempre fora quadro decorativo.

Que a verdadeira obra de arte era produzida por mecenas.

O enredo de uma canção que anuncia melancolicamente a tragédia.

A imbecilidade de seus expoentes.

Esqueça por favor, isso é um metáfora.

De uma poesia delírica.

Agora que poderia ser, a covardia é tamanha.

Prefere jogar debaixo de um trem esperando o fim da passagem.

O interlúdio de uma musica cuja natureza é apenas a roupa trocada.

Qual a melhor parte do espetáculo, fingir que o artista representa o mundo da arte.

E os bastiões de boca aberta como se do infinito caíssem dentes de ouro.

O desespero leva acreditar nas crenças das intenções.

Quem não pensar desse modo, morre depressivamente.

Sem perspectiva os Raimundos tomam antidepressivos e dormem.

Como se o tempo fosse a eternidade.

Na esperança que os trilhos coloquem o trem na mão certa e apaguem as luzes.

Pois ainda é dia e não noite.

Todavia, sua velocidade está no último instante do final do túnel.

A morte será o esquecimento da grande tragédia.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 15/11/2016
Reeditado em 15/11/2016
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