O amor me salvou mais uma vez

O relógio despertou

Uma voz doce e verdadeira me perguntou

Como você está?

Vivo, mas me sentindo fraco, em silêncio respondi

Estou aqui, juntando os cacos de uma noite mal dormida

Pensando na vida, tentando sair do buraco que eu mesmo construí

Estou aqui, sofrendo as consequências do passado

Pagando pelos meus pegados

Estou aqui, colhendo os frutos do mau, que outrora eu meu caminho plantei

Estou aqui, tentando me redimir

Pensando em fugir, sem saber para onde ir

Estou aqui, lutando pra sobreviver, pois, querendo ou não esse é o meu dever

Morrer faz parte do destino, eu sei

Desde menino está verdade me atormenta

Assim pensava eu

Como será a minha vida depois dos vinte, dos quarenta dos sessenta?

Ainda hoje me pergunto

Como será depois que a última lâmpada se apagar

Hoje, ainda antes de acordar me bateu uma angustia muito forte

Senti o cheiro da morte brotando de dentro de mim

Era certo em minha mente o prenuncio do meu próprio fim

Vi meus amigos e meus parentes se afastando

Vi meus planos indo por água abaixo

Vi a morte zombando do meu fracasso

Senti meus laços se rompendo, meu peito ardendo, e meu corpo em franca decomposição

Em minha volta mascarados e verdadeiros divididos entre o horror e a compaixão

De repente o telefone tocou!

A voz de quem sempre me tirou do abismo, mas uma vez me salvou

Me fez sentir o verdadeiro amor

Acordei ainda com dor, porém feliz por estar ao lado de quem sempre bem me quis