UM DIA CINZA
Era um dia cinza em que as nuvens choravam seus lamentos calados,
E terra imóvel tentava se proteger abaixo das folhas que reclamavam em gotas,
Afogavam-se as flores naquele manto frio, fino e constante,
Era como melodia suave na madrugada, incapaz de acamar a alma inquieta.
Era um dia cinza em que o vento invadia um quarto pouco iluminado,
Esfriando a pele que intentava fugir da paúra enrolando eu seus cobertores,
Agonizando em medos e pesadelos de sozinho novamente receber o verão,
Entediado de si mesmo, em uma prisão que a liberdade forjou.
Era um dia cinza como as histórias que terminaram mal contadas,
Como aquelas que ainda desejava contar,
Era um dia cinza como os desejos que pareciam represa de paredes fracas no coração,
Esperando o momento de desaguar em cores e abandonar a monotonia cinza da aflição.