CHORAMINGUAR
Fiquei aqui a pensar, de que pudera eu escrever sobre alguma coisa e se pudesse escrever, era ilusão minha. Então, logo percebi que sou bem inútil. E mesmo que conseguisse ser o melhor dos poetas - Se é que há uma escala para dizer isso - jamais perderia minha inutilidade. De certo, talvez isso represente uma condição humana bastante presente, na verdade, tenho uma quase incerteza sobre isso.
É, de fato, essa rapidez e estupidez de tentar estar num posto elevado não me aconchega mais. Vou ficar por aqui e ser só inútil mesmo, assim como todo mundo é no final das contas.
O que seríamos nós sem os espaços entre as coisas, heim? Posso dizer-te que até as coisas são espaços de outras coisas. Mas, não acredite em mim...
Então, ouvindo algum chorinho de Pixinguinha, a razão de estar escrevendo esses parágrafos, percebi-me alheio a uma problemática que me atormentava a bastante tempo, que afinal de contas nunca vou ser bom. Porém, nem mal ou ruim.
Só vou ser.
Assim como o canto desse choro.
Se for pra chamar-me de poeta um dia, não vou mais ligar nem desligar. Pode me chamar do que quiser, pode até se esganiçar.
Há uma calmaria boa em não prestar atenção no mundo, e de olhar pra ele com amor ao mesmo tempo. É ridículo ter tido a noção disso só agora, parece que já me passou tanta frivolidade e perdeu tanta vida minha.
Mas agora eu vou deixar disso.
Eu estou na corda de dó menor e nunca mais quero sair daqui.