Um Longo Processo...

A quem será que pertence

Esses dois olhos

Refletindo uma imagem no espelho

Infinitamente?

Não vejo mais um ser

Vejo só as angustias deste

Seus medos, seus defeitos

Os erros que cometera

Quando ainda nem sabia

O que era um erro

Agora que saira do casulo

Viu que o céu não é mais igual

O eu que um dia antes criou

Não funciona mais

Perdera-se no caos

De muitos outros eus

Ninguém se descobre

Inventa-se

Copia-se

Em um mundo desigual

Não tem como ser uma simples cópia

E nem original

Sou seletivo

Pego de quem mais gosto

As vezes, também procuro

Nas memórias

Pego o que ainda presta

Daquele que deixei para trás

- ou seria daquele que me abandonou? -

Se eu conseguisse somente ser

Não desse ouvidos as vozes da mente

A vida poderia, talvez, perder este peso

Meus movimentos ficariam menos densos

Mas já desisti de tal possibilidade

O medo da solidão corrompe o ser

Ninguém quer ser chato

Nem quer ser banal

O conhecer é só fonte

De entreter os outros

Quando falta em ti

Um entretenimento próprio

Tantas opiniões

Tantas discórdias

Tantos dizeres

Palavras vazias soltas ao vento

O ouvido dá sentido demais as coisas

Além daquele que as coisas não tem

A vida é nada mais que ficção

Tem propósito algum

Tentamos o tempo todo

Achar um fim para as coisas

E assim inventamos

Nossos próprios eus

Só não sei quando

Terminarei o meu.

Endriu Costa
Enviado por Endriu Costa em 09/11/2016
Reeditado em 09/11/2016
Código do texto: T5818078
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