Lua
Dia de sol, cheio de inverno
A vida que passa, piada sem graça
Não há nada que faça, que a possa parar
E ela sorri, passa por mim, lentamente, devagar
Uma pomba esvoaça, bailando no céu, Dança sozinha,
Enquanto no solo estou eu, pomba branca que é minha
Oiço o mar, segreda-me ao ouvido,
Não fiques parado, conselho de amigo
Persegue a vida, não a deixes fugir
Não estou a mentir, nem sequer consigo
Perco-me nas palavras, que o vento repete
O mar ao silêncio se remete
E sem se deter diz-me o vento
Não percas tempo, promete
Que todos os momentos dignos
Vais guardar, num canto da mente
E mais tarde lembrar, vivamente
Como se fosse já, agora
E entretanto a vida passa lá fora
E o vento junta-se ao mar
Silêncio total, escurece-se o céu e vem o luar
Porque ouves os outros ? Pergunta a lua
Sabes tão bem que a vida é tua, só tua
Para viver, esquecer, perder, amar
Os melhores momentos guardar
Eternizar numa memória, contar uma história
E viver no presente, andar sempre em frente
Acreditar no melhor, aceitar a dor
Como parte da vida, melhor ou pior
Procurar o amor, em tudo o que fazes
Libertar os rancores e abraçar as pazes
E soltar os sabores da melhor sobremesa
Deixar que a vida te faça a surpresa
O sol esboceja, tem sono, está cansado
A pomba sem dono, o mar encrespado
Deita-se e dorme, o sol desvanece
A luz acompanha e sem aviso desaparece
No escuro da noite, sem o sol do dia
A sala arrefece e torna-se fria
A lareira arde, a madeira crepita
A chaleira no fogão que apita
O chá que fervilha e aquece
O momento que se guarda e não se esquece
Serão passado em boa companhia
Um beijo roubado num passe de magia
Uma face corada, coração acelerado
Algo nasce do nada, sem estar destinado
E digo para mim, em silêncio ousado
Obrigado amiga lua, pelo conselho dado