PAREDES DE VIDRO

Nunca fui bom em acertar,

Em arriscar as poucas fichas em um jogo de azar,

Ou em blefar para evitar uma derrota,

Eu era aquele que entregava o jogo,

Pois os olhos sorriam quando acreditava que as cartas eram boas,

Sem saber que em sua mão havia um zape para me destruir.

Nunca fui bom em omitir,

É que os sentimentos transpareciam como a transpiração,

Eu me rendia a cada segundo,

Tentava me esconder atrás das paredes de vidro,

E toda vez que caía, a parede se quebrava,

E eu descalço, tentava prosseguir entre os cacos.

Definitivamente eu não era um jogador,

Minhas mãos estavam sobre a mesa, abertas,

De cara limpa e intenções claras,

E o vermelho que representava a paixão,

Era da cor do sangue que escorria pelo chão,

Sempre que o coração e as paredes de vidro se despedaçavam.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 03/11/2016
Código do texto: T5812440
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