Paranoia

Há um olho que sempre me vê

Está na sala me vigiando

Atrás da porta quando eu a fecho

Me olha pela janela do quarto

Pelo bojo do banheiro

Existem ouvidos que escutam todas as minhas conversas

E desconfio que até meus pensamentos

Não posso ter planos e metas

Sou bombardeado de comerciais logo em seguida

Existe uma tele-tela que me persegue

Eu a vejo

Não a deixo

Ela me prende.

O fruto proibido do Éden tem olhos

Me vigia a todo o tempo

Me diz o que quero

E o que tenho que fazer

Está lendo tudo que escrevo

Está nas minhas correções

Nas minhas pausas,

Seguindo, talvez, até o fluxo de meu pensamento.

Não são olhos nem ouvidos divinos,

Nem de satã.

Parecem mecânicos

Eletromagnéticos semi humanos

Emitem luzes,

Não me deixam dormir.

Fazem pedidos insistentes

Não me deixam recusar.

Estou marcado

Na ponta do polegar.

no centro da testa

Estou marcado.