Ruas

Se você soubesse o quanto eu caí,

Enquanto muitos lá de cima me olhavam dos prédios,

Elegantes com seus ternos, gritando minha fraqueza,

Como se não houvesse vitória para mim.

As luzes dos postes começam a acender,

Eles vão para casa em seus motores importados,

Enquanto eu ando com a sola gasta,

Queimando meus pés sobre o asfalto.

Minha maior riqueza é minha casa,

Os canteiros das ruas, deitado sobre o papelão,

Mesmo não sendo segura, muitas vezes fui espancado,

Me arrancaram os dentes, a chuva me leva a esconder.

Sob os viadutos, entre os ratos,

Faz duas semanas que não como,

E pedir um pão é uma sentença de morte,

Às vezes mergulho nos lixos.