Minha fala

Com sua voz em minhas mãos,

Falo a sós em meio a multidão.

Escuto teus gestos, vejo tua fala,

Sinto manifesto o desprezo que cala.

Não te falo em palavras o que sinto,

É neste gesto que não minto

O meu desejo de ser, entender

O que teu áudio quer me dizer.

De ouvidos calados entendo o mundo,

Vejo-o de todo irado e infecundo.

Um mundo que só ouve e não escuta,

Mundo este que pela intensa labuta,

Cala-nos a boca com um silêncio nauseabundo.

E joga-nos numa vala, sem fala, de qualquer latifúndio.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 26/10/2016
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