QUANDO NADA PROCURO
O que sou sem elas,
as palavras que dizem minha felicidade,
as que se calam debruçadas em minha janela
a verem a vida passar em suas fantasias e andrajos,
o que sou sem elas se nem com elas eu me acho?
Dizem que andam por aí
esperando por uma voz que as digam, inteiras;
sabem-se filhas do silêncio e que vivem a ouvir
que são falsas, mentirosas e, em versos, verdadeiras...
Se com elas digo o que em mim vorazmente anda dentro,
o que sem elas direi para que pare de passar, o tempo?
Se sem elas amordaço meus instintos e emudeço,
o que com elas direi, um dia, a balançar o universo, num berço?
Estranho que me procurem quando nada procuro
como fossem luzes cravejadas de diamantes
a brilharem com toda intensidade em meu escuro...