Pãe
Eu que atirei
Tantas pedras
Em telhados
Fui peralta
Folgado
Rebelde
Desbocado
Que pulei muros
Beijei bocas
Fiquei com gente
E não foi pouca
Hoje quero que meus filhos
Sejam santos
Que não sapequem com qualquer um
Pelos cantos
Que durmam cedo
Acordem sóbrios
Sejam sábios
Retos, probos
Digam palavras de encanto
Não sejam pobres
Tenham cobres
Tenham de sobra
E respeitem suas sogras
Odeiem drogas
Usem togas
Trabalhem sem pensar em folgas
Cumpram regras
Honrem horas
Seus deveres e as Senhoras
Tenham visão de quem enxerga
E amem suas casas e afazeres
Comedidos nos prazeres
Mas se soubessem
Do muito que eu não fiz
E do pouco para ser feliz
Meu Deus do céu
Quem é que diz
Pai é pai
Mãe é mãe
Como vai
Eu sou pãe