POR CAUSA DO AMOR

Comprei um terno de marca e fui com ele à rua passear,

me cumprimentavam os advogados,

as senhoras casadas,

os proxenetas,

os distraídos da lei,

os que conhecer pensei,

os donos de bar...

Comprei andrajos e me vesti assim e saí à rua,

desviavam de mim os de banho tomado,

os advogados,

as senhoras torciam o nariz,

os sem lei riam à beça,

bebi por conta,

segui na vida sem pressa,

alguém disse - por que fez o que quis!...

Comprei a nudez e saí pelo mundo a andar pelado,

queriam minha causa os advogados,

espiavam as casadas minhas partes peladas,

os bandidos diziam que eu era metido,

nada me vendiam os donos dos botecos,

pensei que ia ter um treco,

só, sem pelo, sem lençol ou cobertor,

vesti a pele de cordeiro,

percebi ser o nu afronta aos princípios

de se esconder do sentir verdadeiro:

me cobri com o manto do amor...