ILUSÓRIA PRISÃO
As vezes a vida é um campo de concentração
Olhos na escuridão...
Para sonharmos é preciso estarmos
Com os olhos cerrados
Vagando por outros lugares
Olhos que se perdem na luz
Vagam somente pra fora
Dentro de si não moram
Namoram matérias e falsas engrenagens
Que de artérias e frutos não se arvoram
Se perdem como se as águias da cobiça
Suas pupilas devorassem
Ficam cegas e ávidas pela batuta que as rege
Embora ajam como gravidas ilusórias
Mas, sem vida sem lacunas que as preencha
Em sua pseudociese...
Tantos passos, tantos descompassos
Tantos espaços sobrando dentro da gente
O ser humano tem dúvida da vida
Por isso essa ânsia de viver inquieta
Essa loucura abstrata e complexa
Esse tentar fugir de sermos nada
Nada é absolutamente pétreo
Não há retidão que te redima
Em meio a tanta tribulação
Aladas são nossas somas que acumuladas
De nada valem se não sedadas pela ambição
E que numa esquina mais próxima
Como bêbados a deambular sem um lar
Pode ser que seja a nossa última parada...
A ponte que se nos revela a frente
É a mesma que nos deixará para trás...
Há sal demais jorrando da fonte lacrimal
A quem cabe o fardo de me ter criado
Se como cria não pedi pra te-lo crido
Pra haver de ter nascido tão mortal?
Alimentados como as reses
A deus somam-se adeuses...