Poema para um amigo meu

Há dias em que parecemos estar lutando contra o vento

Vem aquela pressão

Como se estivesse pedindo pra gente se entregar

Um amigo me disse uma vez,

Você parece um pássaro preso

Numa gaiola aberta.

É preciso bater assas e aprender a voar.

A vida é um jogo de xadrez,

Se você não levar um xeque mate

Nunca saberá que peças estavam te deixando vulnerável.

Minha família sempre me disse

Você é diferente,

Precisava aprender a viver.

Meu pai e minha mãe me moldaram como uma obra de arte em suas mãos,

Fogo e gelo me fizeram uma pessoa moderada, temperada, equilibrada.

Hoje sei! tudo depende de mim,

Eles cumpriram sua missão.

Mas antes eu chorava, não entendia que a tristeza e a dor

Trazem sabedoria e calma para nosso interior.

Aprendi que a alegria é um artista

Que sempre precisa de um reflexo, nem que seja o próprio,

E a tristeza é introspectiva, trabalha melhor sozinha.

Alguém me disse:

Eu sou uma flor de urtiga

E eu sou um beija-flor

Não há espinhos que me impeçam de te beijar.

O vento me ajuda

Ele me traz agilidade para planar

E voar em qualquer direção,

Quem me dá tempo de captar as ideias que estão no ar.

Sabe! Perguntam –me de onde vem tanta serenidade.

As pessoas dizem que sou engraçado

Sei que as vezes pago pra ver o tempo mostrar que estava errado.

Ele cobra o que nos dá

Desde do nosso primeiro suspiro

Até o último expirar.

Conheci um grande amigo

Que sempre esteve comigo

Mas me convenceu

Quando entendi que nada se perdeu

Que não existe passado, presente ou futuro.

Por isso ele ri de mim,

Como eu pude acreditar nisso, por tanto tempo assim?

Ele não existe se não pra nos mostrar,

Quem é o nosso verdadeiro amigo à nos guiar.

Sabe! nós não sabemos o que ele faz pra nos ensinar a viver

Ele me falou que nós somos como nos vemos

E que esse espelho que nos liberta

É o mesmo que nos aprisiona.

Para ele a morte não é o fim

Nem a vida o começo.

Aprendi que não existe começo, meio, nem fim,

Existe nossa limitação de enxergar

O que não podemos mensurar chamamos assim.

Que o trajeto de nossa caminhada chamamos de começo e meio

Iludidos com a questão do tempo

Que ironia que a isso chamarmos de passatempo.

Parece que temos ânsia demais

E queremos consumir o trabalho de nossas mãos.

As vezes o escuro faz bem

Quando achamos que não há ninguém,

Pra nos segurar pelas mãos.

A luz nos deixa alerta demais,

Perdemos de sentir nas sombras

A presença de alguém.

Meu pai sempre esteve comigo

Acreditava que alguém queria me pegar

Mas confiei que ele só queria me acompanhar

Hoje de todos os livramentos

Sei que esteve comigo em todos os momentos

Que me acalmava quando chorava.

Minha mãe dizia que homem tem que ser forte e se segurar,

Nunca tive coragem de derramar uma lágrima,

Para que ela pudesse notar.

Suportar o choro e a dor

Me fizeram sentir sem me emocionar

Mesmo que ninguém saiba

Como meu coração está.

Quando ele se foi

Um pilar pra mim caiu,

Porque ele não estaria aqui pra me consolar,

E ver meu choro até soluçar.

Meu pai era um homem rústico de coração mole.

Minha mãe é uma mulher dura

De alma transparente e amorosa.

Quando estava vindo ao mundo

Quase voltamos juntos pra lá

Antes mesmo de aqui chegar.

Depois de muita teimosia

Ilusão, incompreensão e confusão,

Em fim uma coisa veio me desperta.

Neste mundo aqui estou,

Pra com ela aprender a amar.

Ederio Amaral
Enviado por Ederio Amaral em 19/09/2016
Reeditado em 21/09/2016
Código do texto: T5766276
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