Argila
A falta que me compõe
é exatamente o que me completa
sem delicadezas e direta
sou trinca passiva de quebrar.
De volta a pedaços recomponho
a existência ínfima e natural.
Sem esperar por mãos hábeis
misturo-me a água que refaz.
Maléavel feito a argila me entrego
aos meus desejos modeladores
nova forma substraio,
dos cacos que tateio.
Assim me apresento à vida,
como frágil pote de argila,
sem temor das mãos indelicadas
que porventura toquem o interior.
Se em cacos meu existir retornar
busco água em potes fracos
e modelo nova vida pra doar.
Basta ter sido argila um dia...