Terra árida
Terra árida
Como posso viver aqui
Nesta terra árida
Seca ríspida que maltrata
Machuca quem à ama
Na dureza de sua própria existência
No abandono do acolher
Aquele que dela espera,
Apenas aceita um motivo
Pra um renovo, um alívio
Ou mesmo Só pra viver
Seguir na lida cuidando
das feridas
Na fraqueza da carne
Onde o sol arde com toda
sua força
açoita marca sobre pele sofrida
Dessa gente pobre humilde sem recurso
Nem mesmo de voz
Pra pedir socorro
Ao seu algoz que de longe
Sabe ver toda à dor daquele ser
Que pena roga misericórdia
À própria morte deseja
que venha
Forte que nada à detenha
E dele não se abstenha
Não teme a noite
À incerteza de pra onde ela
o levará
Pois todavia maior sofrimento que aqui
Meu povo nordestino
Padece desde menino
Quando nasce tendo à certeza
Que nas velhas tetas
Da madre talvez o nobre colosto
Não lhe falte nele
se apega por muito tempo
Por que na sua mesa
Com certeza o faltará
o sustento
Que à terra árida nem
por maldade
Nem por esquecimento
O fará faminto escravo das manobras deste tais bandidos enumerados
De boa prosa engravatados
Que aparecem de tempos em tempos com um sorriso
De quem tem mais do que precisam
Mais o pior são às promessas veladas
Constituídas e firmadas
Com base na boa vontade
Daqueles que deram de novo
À sua face pra novas bordoadas
Mesmo honestos teram sempre suas vidas lesadas
Triste sina desses nordestinos
Que semeiam em terras áridas
Suas Almas com à semente da esperança
E dessa terra jamais se cansa olha para o céu e rezar
Pois sabe que numa próxima chuva
Renova às esperanças...
voltará pra eterna labuta.
Ricardo do Lago Matos