Outra vez aqui me recolho

Outra vez aqui me recolho

Pela incapacidade de me mostrar perfeito,

Olha-me e logo perceberá

A tentativa de pensar, mas não conseguir,

De tentar amar, e não produzir nada.

Deuses antigos visitam meus sonhos

(Chutulu, Azathoth, Hastur e todos do terror cósmico Lovecraftiano)

Me mostram o tamanho da minha insignificância

Os Pesadelos são terríveis, mas me causam alegria ao sonhá-los

Pois, quando acordo, os Deuses dos sonhos me deixaram,

E a realidade se mostra muito mais cruel,

Dinheiro, trabalho, pressão etc

E novamente me sinto pequeno

E de uma fragilidade real

(Serei eu um personagem de Dostoievsky humilhado e ofendido?)

Inútel a ponto de perceber

Que sou incapaz de escrever outra linha

Que me seja verdadeiramente real.

Me recolho no quarto, reflito no cosmo

E me sinto vazio,

Procuro escrever o que me aflige,

E me percebo limitado,

Busco a razão,

E me sinto múltiplo.

(Um pouco de Hegel divide lugar com Marx

Enquanto Tolstói guia meus passos)

Sou assim, um constante ir e não ir

Desejo incontrolável de apagar meus versos

E, se possível, apagar minha existência.

(Se pensar que após minha morte apenas a possibilidade de alguém ler meus versos é que garante minha existência, então, talvez ao apagá-los, apago quem de fato um dia fui)

E o que são versos além de um derramar de espírito?

A seleção de palavras que no fim são as piores possíveis.

A tentativa sempre limitada de expressar o que sentimos.

Nos fazemos superior, mas no fundo somos mais simples do que qualquer mortal

("Tudo, tudo que entendo, só entendo porque amo"

e minha poesia é palco do amor que lanço

pelos coisas que entendo e por aquilo que admiro)

Caminho pelas ruas da minha consciência

Cada casa representa alguma emoção

Visitava frequentemente todas

Porém, quando a vida se mostrou simples e limitada,

A casa que mais me causava sofrimento

Foi a casa da solidão, e era lá que comecei a passar a maior parte da minha vida.

Vinicius Marques
Enviado por Vinicius Marques em 05/09/2016
Reeditado em 01/08/2022
Código do texto: T5750679
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.