Tempos iguais
Eu que não comia nada
Hoje como de tudo
Eu que não comprava nada
Hoje compro quase tudo
Também pudera
Eu
Naquela era
Nem tinha o que comer
Nem tinha o que se ver
Para poder comprar
Paquerando as vitrines com o olhar
Eu não tinha no que pensar
Muito menos o que contar
Tão pouco o que escrever
Quase nada a descobrir
Muito pouco pra acontecer
Também pudera
Naquela era
Nem tinha jornal
Nem tinha tv
Era quase zero
O que hoje quero
Pra meu e teu prazer
Mas parece que as modas retornam
Que não tem mais nada pra se inventar
Que os tempos são tão iguais
De tempos em tempos atrás
As notícias voam como os aviões
Nas bocas das pessoas
E as coisas boas
Ficam nas entrelinhas
Que nem o olhar de um gavião consegue perceber