Semente de Amor
Semente de Amor
No meu jardim, és a flor,
viçosa, de sol-cor,
a que dei nome jasmim -
- amor, mas, ai de mim,
sedento de beleza,
cerquei-a de vil avareza.
Minha!... Que feroz vento,
ouvindo teu lamento,
pétalas fez voar,
lançando-as no mar,
e só a haste desnuda
recorda a morte muda.
- Ladrão! - gritei, eivado;
e no chão duro prostrado,
de mãos trémulas as afago,
E as minhas lágrimas trago,
numa fúria de demente,
decepo o caule rente.
De ti, nem um ai dado...
- Morta! - gritei em brado,
e lanço-te no abandono
por terra, caio em sono
torturado e infesto
de fantasmas e funesto,
Desperto, já sem luz,
por toque, que seduz,
em meus lábios cerrados,
por beijos sussurrados.
Uma pétala surgida
do nada, tão sem vida...
Sobre ela, na minha mão,
choram meus olhos, perdão.
E o milagre, docemente,
doa-me uma semente,
da morte, ora triunfante,
a dádiva de amante!
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