EMPREGO ( Do livro "Poemas Urbanos e Outros Planos" )
Coma, durma, viva pouco
És um consciente louco
Do emprego-sanatório
Teu salário adiantado
É o remédio controlado
Do teu dopamento inglório
Saia tarde, mas madrugue
Por mais que o patrão te sugue
Deves ter disposição
À família, o desapego
E o seguro desemprego
Insegura ocasião
Para ti não há escolha
Pois o teu desconto em folha
É direito veemente
Não existe alvoroço
Uma hora de almoço
É mais que suficiente
Chore, cante, mas trabalhe
Que nunca tua vida atrapalhe
A inevitável produção
Corra, pense, assine o ponto
Mesmo assim estejas pronto
Para a certa demissão