Arte e fome: um desafio entre homens
Engraçada perfeição.
Graciosa simplicidade.
Nas mãos de quem tem o dom, qualquer coisa vira arte
Vejam as praças que brincam lixo e crianças no mesmo espaço
Vejam as águas que nadam peixes e plásticos
Vejam os corais de meninos e meninas
Emocionando mesmo estando estáticos.
Olhem os becos das grandes cidades
E se perguntem como lá vivem pessoas.
Observem os quintais através das grades.
E digam por que os pássaros não voam.
Qualquer coisa vira arte.
Para quem a ela se doa.
Olhem as tristes linhas do saber.
Se arrastando em salas de aulas sem chão
E pense como pode lá prevalecer
Um professor que nunca desiste de sua lição.
Olhe para a mãe desesperada.
Em alimentar 5 ou 6 com fome, ali no canto.
Pense o quanto ela pode estar encorajada.
Em matar ou morrer em nome de tantos.
Nas mãos de quem tem o dom, qualquer coisa vira arte.
A arte de sobreviver na cidade.
De sobreviver entre os homens.
A arte de conviver com a felicidade.
Lado a lado com a fome.
Arte de amar sem nada em troca.
A arte de lhe oferecer gratidão.
A arte de fazer o bem a toda hora.
A arte de viver com o pé no chão.