SÓ NÃO SABEMOS QUANDO
Detesto quando chutam um cão de rua,
cínicos os que falam de amor e jogam papel no chão,
ando ao lado deles e nem percebem minha alma nua,
nem escutam o grito que brota do fundo do meu coração...
Separo os bons e os maus como fossem doces na prateleira,
insensatos os que perdem seus amores por se queixarem de um beijo,
vivo junto dos que guardam emoções no freezer da geladeira,
comem o pão da solidão e dizem que saborearam campestre queijo...
Preste atenção, mas não muito, não merecem tanto,
olham do lado procurando pedaços de amores separados,
estou tão perto do desprezo que não me causa espanto
de vê-los em plena tarde quente, presos, isolados...
Me causa desconforto quando causam dano ao afeto
aqueles que usam a língua como lixa número quatro,
cospem palavras tão secas como areia do deserto,
preferem a mentira do que a verdade dos fatos...
Me sinto bem quando te vejo feliz, amando,
a rir e a contar a ela coisas do seu dia-a-dia;
nós dois sabemos, só não sabemos quando
isso terminará em casamento ou em despedida,
escrita numa triste poesia...