Sobre música em fones de ouvido

o som domina o espaço e a alma

aqueles fones de ouvido servem como um muro

a visão mantem o material

dois mundos ao mesmo tempo

a sensatez do discernimento enlouquece

a loucura é uma alternativa

as lâmpadas são sóis

os fios caminhos que dançam

as noites são medrosas a escuridão

por quem? ninguém, eu!

não é necessário usar palavras, elas pesam

feche os olhos, sobra o tato, o olfato

sinta-se no vácuo

continue

a música, berre!

não há ninguém ouvindo no outro mundo

fique, sinta, aprenda, viva

não espere a morte chegar para viver

não espere o ‘sim’ para fazer

seja! cresça com a destruição

a criação é mais um obstáculo que impuseram

coração bate forte

a mente é fraca

solte

deixe

é uma maré

quero ser uma maré

faça a fusão dos mundos

a letra é uma janela

o som dos instrumentos um buraco

a harmonia uma alma sem corpo