Ressaca de Amor

Ressaca de Amor

Belos são os frutos da vide plantada

ao acaso em solo fértil de meu coração

rasgado pela enxada ferina da vida.

Doce é o mosto que escorre viscoso

do olhar da amante que me inebria e tolda

a razão e me cerca de desejos de amar!

Feroz será a paixão dum beijo fluindo

vapores de lirismos e de poéticas

leviandades etilizadas de sexo consumado.

Ah, vinho generoso de amor que brotas

dos poros tacteados de minha volúpia de ti,

amada, e me embriagas lenta e suavemente...

És o meu vício, a tentação desejada,

a minha perdição eterna, a demência...

Se te invoco, o pensamento se eleva

e, delirante, suplico teu corpo - vaso.

Trémulo, afasto a abstinência forçada,

quebrando as correntes e elos da sensatez,

e os meus sentidos te absorvem sequiosos

regateando, entre si, a generosa dádiva.

Desse cacho multicolor de teus sabores

te esmago frenético, sádico, egoísta,

e provoco a dor, te extraindo mil sucos,

esvaziando-te totalmente de ti mesma.

Mas se te afastas, te perdes em ilusão

do meu espírito alterado de emoções,

a ressaca sobrevém dolorosa e culpada,

pelo desejo renovado de mais embriaguez!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 01/08/2016
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