Resgate Inútil

Resgate Inútil

Minha alma ferida padece tormentos,

Às garras duma melancólica solidão,

No abandono da utopia das paixões,

Meu catre ornamentado de pesadelos.

Minha mente sangra de ferimentos

Infligidos nos combates da traição,

No abismo profundo das ilusões;

Pobres desvarios. Quem irá querê-los?

Meu coração, solitário, fenece de amores,

Náufragos em muitos mares de tortura,

Preso ao encanto de jardins e de flores,

Miragem dos desertos da desventura.

Meu corpo contorce-se em mil dores,

Castigado pelo passado de aventura,

Ornamentado de farrapos multicolores;

Pobres despojos. Quem os procura?

Pobre poetisa, buscas sem destino certo,

Voando célere no éter azul matizado,

E mergulhando em mar gélido e hostil

Quem definha em solos de areia quente.

Que promessas ousas doar, ao incerto

Destino cruel, por teu poeta amado?

Tua prata, teu ouro, teu corpo febril

Tua alma? Resgate por um descrente?

Louca musa, amante de eterno desgosto,

Foge deste perigoso paraíso mistificado

De felicidades temporãs e de embriaguez

Das guerras e das vãs glórias de outrora!

Não há nem mel nem mosto em Agosto,

Os licores tornaram-se fluido avinagrado

da poesia; são as grilhetas da malvadez

que te envolvem e te maldizem, sedutora!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 01/08/2016
Reeditado em 19/04/2017
Código do texto: T5716095
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