Rendição

Rendição

Rendo-me…

Minha alma é escrava,

Penando a cada dia,

Da paixão do agradar...

Na dolorosa passividade

Da existência mortal,

E na agressividade

Da esperança imortal...

Rendo-me…

Sem resistência,

Almejando a paz,

Ao delírio do prazer,

À excitação dos sentidos.

Rendo-me...

às necessidades

imersas da volúpia,

à paciência pachorrenta

de nada fazer do nada.

Ao medo de te perder,

Na flagelação da posse.

Rendo-me...

Ao desapontamento

Do vazio da distância,

Do orgulho ferido por garras

De amores traídos

Ou não vividos.

À escravidão dos passados,

Às torturas dos presentes,

E à imolação dos futuros.

Rendo-me...

Ao poder dos olhares.

Dos grilhões dos poemas.

Ao fascínio das cores

E à tesão das dores.

Aos deveres sagrados

E imposturas danadas.

Aos abismos dos erros

E às palmas das certezas.

Rendo-me...

Às poucas felicidades

E aos muitos desesperos,

À falsidade das verdades

E à verdade das mentiras.

Às praxes das irmandades,

E à devassidão da embriaguez...

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 29/07/2016
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