Estátuas de Sal
E é outra manhã para se levantar,
Esconder no sorriso o que faz mal
Não há lugar que eu não possa ir
Mas sobram os que não posso estar
Sem olhar atrás, as estátuas de sal
Sigo em frente para o que há de vir
Tenho de calar meus gritos mudos
Enxergar as cores agora turvas
Limpar o sangue de meus escudos
Me encontrar em tantas curvas
Mas tenho medo, e eu sei
Sei que medo ainda terei
Se puder, então, me abrace
Me obrigue a insistir
Pois tenho, ainda que passe
Muita vontade de desistir
Não procuro por mais chances
Quero vencer com minhas mãos
Mesmo que calado e escondido
É assim que vejo os nuances
É com sins que venço os nãos
É sem você que estou perdido
Ter certeza é não ter escolha
Ter as tentativas e vê-las falhar
Ser a força, não deixar que encolha
A pedra do destino que quero talhar
Mas tenho medo, e eu sei
Sei que medo ainda terei
Se puder, então, me abrace
Me obrigue a insistir
Pois tenho, ainda que passe
Muita vontade de desistir