Por Que?

Por Que?

Por que me cativas a alma?

Que desejos sobre o meu todo,

Que não passam de mesuras.

Te inspiram e te seduzem?

Porque estou eu amarrado

A estas correntes invisíveis,

Vivendo sonhos e esperanças,

Milagrando bálsamos curadores?

Por que esperas, ajoelhada,

O chicote macerador de um não?

Por que esperas a maré vazia,

Que te traga o barco perdido?

Que ondas de prazer te invadem,

Nesta dor de afastamento?

Por que baixas os olhos, submissa,

E bebes as tuas lágrimas vertidas?

Que guerra privada geras em ti,

Querendo-me, tão impossível?

Porque me chamas de “Amor”,

A este amante do mórbido passado,

Destroçado de misérias e fugas?

Por que teu coração

cavalga louco,

Mesmo em silêncio,

se a minha indiferença

Te fere, humilha

e derrota a alma?

Por que teimas em usar

o colar e as correntes

de amásia mantida,

ou viúva inconformada,

Mesmo o anel de menina

bem comportada e feliz?

Por que não admites

que nunca te possuí,

Que morri, antes

de ter vivido o presente,

E só a minha corrupção

amoral te seduz?

Nunca te amei. Jamais te tive.

Por que...?

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 24/07/2016
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