Por Que?
Por Que?
Por que me cativas a alma?
Que desejos sobre o meu todo,
Que não passam de mesuras.
Te inspiram e te seduzem?
Porque estou eu amarrado
A estas correntes invisíveis,
Vivendo sonhos e esperanças,
Milagrando bálsamos curadores?
Por que esperas, ajoelhada,
O chicote macerador de um não?
Por que esperas a maré vazia,
Que te traga o barco perdido?
Que ondas de prazer te invadem,
Nesta dor de afastamento?
Por que baixas os olhos, submissa,
E bebes as tuas lágrimas vertidas?
Que guerra privada geras em ti,
Querendo-me, tão impossível?
Porque me chamas de “Amor”,
A este amante do mórbido passado,
Destroçado de misérias e fugas?
Por que teu coração
cavalga louco,
Mesmo em silêncio,
se a minha indiferença
Te fere, humilha
e derrota a alma?
Por que teimas em usar
o colar e as correntes
de amásia mantida,
ou viúva inconformada,
Mesmo o anel de menina
bem comportada e feliz?
Por que não admites
que nunca te possuí,
Que morri, antes
de ter vivido o presente,
E só a minha corrupção
amoral te seduz?
Nunca te amei. Jamais te tive.
Por que...?
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