Por Que Ilusões Navego?

Por Que Ilusões Navego?

Que ilusões me cegam

no abraço do abismo

e me lançam na vertigem

dum desesperado adeus?

Que ilusões me submergem

os sonhos e os sonos febris

de escrevinhador insensato

e me idealizam pesadelos?

São pacíficos os mares?

São tranquilas as tempestades?

Ilusões de absurdo sonhador...

Nem a poesia é serena bastante

Que me possa sustentar o ego

nem pacificar o imperfeito ser

que se perde em lutas ousadas

na busca dos amores perenes!

Ilusões!

Por que são as flores perecíveis

e os seus aromas tão voláteis?

Por que o sol abrasador e tenaz

se rende á lua vestida de trevas

permutando-se de ouro em prata,

de luz difusa pela noite diáfana?

E os sons do medo que me tresandam

em sucessivas ondas de arrepios,

tão gélidos, tão acutiladores,

demolindo o meu corpo em emoções,

em volúpias, em orgias dos sentidos,

que o esvaziam de vida e de vontade?

Ilusões!

Por que ilusões navego eu,

louco, quando cerro meus olhos

e te revejo bela e sensual,

distante e fria, insensível

ao meu apelo de amor?

Ilusões que apenas teu corpo

afagam, que teus curvos lábios

negam cruéis, que teus olhos

desdenham eternamente,

que teus braços afastam

sem piedade?

Meras ilusões...

Que nos ferem e matam a alma

Mais ferinas que acerados punhais!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 24/07/2016
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