Eles querem me calar
Esperam que me cale, mas não consigo me calar
Minha mente mais forte que me corpo, não me deixa escapar
Encontro-me mergulhado, sufocado e borboletas já não me fazem parar
É mister de sensações, emoções e reações em meu corpo a pairar
Não me paro, não me calo, não me sinto relaxar
É tanta coisa, tantas vozes que controlam o meu pensar
Em momentos me sinto afoito, em outros quase a parar
Não me paro, pois não me calo, pois não me deixam de falar
Está nas vozes, nos olhares e dentro daquilo e daquele que sequer sei distinguir
Uma fala, uma voz, uma percepção e um olhar
Quanto mais tento entender, mas me sinto intocável
Me protejo, me resguardo, mas eles não me deixar calar
Quanto mais me vejo quieto, mais vontade de inquietude tenho para expressar
Já não sei mais se paro ou se volto a andar
Por vezes me sinto flutuado, noutras vezes sem enxergar
Mas é simples tracejo de caminhos inesperados que me levam o meu cantar
É eloquente, envolvente e às vezes quero parar, são inúmeros barulhos, inúmeros caminhos
Não sei mais onde vou parar
As vozes não param e lá dentro como se lá fora fosse é mais vazio que o pensar
Estamos juntos e a sós, não há como se certificar
O universo infinito, mas finito no meu pensar
É muita coisa, muita gente, muita fala e pouco caso
É tudo igual e tudo rápido e não sei onde vou parar
Não me contento, não me satisfaço com a fala que vem de fora
Se sou igual ou diferente, já não sei o que falar
De mais não ouço, não escuto, eles querem me calar
Minha voz some, meu coração para,
Mas lá dentro é de lascar
É movimento, é sentimento, é sensação desabrochar
Não me paro, não me calo, mas me canso de pensar
É muito tudo, é muito pouco do que se pode imaginar.