Martelo
Não consigo dormir:
a madrugada insinua
e o vizinho ao lado
martela na parede
incessantemente...
tanto tempo, tanto tremor, tanto tentar
- deito, apago a luz, e não descanso.
Toda hora é hora
pra amar, pra morrer, pra pregar quadro na parede...
levanto, calço os chinelos, acendo a luz: vou reclamar.
Mas não há quadro, não há parede, não há prego
vizinho não há
sobre molduras vazias
de qualquer lugar
um revés, uma ideia, uma dor
em mim, em você
martelam sempre:
Por quê? Por quê? Por quê?