Bobo da Corte
Sonhos escrevendo em Braille, futuro
e o presente, com seu tato agravado;
carecendo-o sadio à mercê do escuro,
apalpo uns pontos, juntá-los procuro,
mas, o escrito segue não interpretado;
nem falo do que lemos nas sementes,
pois, essas encerram as suas profecias;
ceifa e plantio não serão divergentes;
penso graças extras e surpreendentes,
devaneios que diariamente se acaricia;
recuso a ver notícias, sempre velharias,
até que a fonte porvir, verta uma nova;
das que transformam o sentido dos dias,
fazendo brotar u’as inesperadas alegrias,
de onde nada havia sido posto, na cova;
o passado relembra minhas insipiências,
as ignorâncias de então, que agora, sei;
o futuro rindo das mesmas tendências,
me faz bobo, na corte das experiências,
onde tempo tem afazeres próprios de rei...