PÚBLICAS (Sarau II)
Que são essas mulheres, essas meninas, seminuas, corrompidas.
Adjetivação, sinônimo do que é deslustro, putas, reféns desse batente?
São apenas, profissionais lascivas, apenas pedaços de carne?
São apenas corpos expostos, nessa vitrine, nesses puteiros...
Onde os homens as definem, e saciam seus mais vis extintos?
Ou serão essas mulheres, reflexos de uma sociedade machista?

Quais sânies induzidas, nesse modo, sobrevêm dessa libido forjada.
E essas fantasias trafegadas, nesses favores, não exige um árduo preço? Desses atos copiados, maquinais, em série, sem desejos, e sem volúpia! Reflexos desses estresidos ecos, esses gemidos adulterados, fingidos... Agasalha quais invernos? Nessas viagens coligidas, ópio dessas fugas...
A expor, os vícios, desses seres humanos, marcados, estigmatizados.

Trocam, favores sexuais por dinheiro, e como fica seu zelo, sua alma?
Como fica sua estima, quais imagens vê diante dos seus espelhos...
O que tenta ocultar, essa carregada maquiagem, seus medos? Tristezas?
No seu corpo,o letreiro vende-se, acolhem, e recolhem os gozos alheios,
E seus gozos? E seus desejos? Quem os arrima? Quem os sacia?
Quem as acolhe, lhes recolhe, quando estás, sós, jogadas na sarjeta? Albérico Silva

Minha 2ª poesia, do Sarau!