Obsessão do Poeta
Obsessão do Poeta
Meus olhos jamais vertem lágrimas,
Apenas, por eles perpassa a tristeza,
De, ao longe, sentir o ruir eminente
Do solífugo * ser imerso em saudade.
Meus olhos tristes se solevam * frios,
Para as montanhas do verde norte,
Fugentes * dos vales de breu e áridos,
Traindo-se no vazio desejo de voltar.
Obsessivos, negam-se das emotivas
Tentações orquestradas de fantasias,
Em danças e jograis que os cativam
Nessa esperança de amores profanos.
Derrotam-se na ferocidade da razão,
Cerram-se, herméticos, a mil paixões,
Visionárias de mil paraísos infinitos,
De sagas de musa em cantos de amor.
E mais norte buscam, tão obsessivos,
Que tudo em redor jaz nessa cegueira
Dos mil esquecimentos premeditados,
Furtando-se, vis, à beleza envolvente.
Depressivos, buscam refúgio no alto,
jurando jamais se volver ao encanto,
quedos, expulsar tristezas inglórias,
e partir… Partir sempre para o aquém.
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