Estranhos
Estamos tão esquisitos no mundo
Reajustamos nossos relógios
Sempre com pressa e com pouca direção
Correndo, indo e voltando
Superficiais para todos e para qualquer lado.
Estamos sempre às vésperas de explodir
Sempre dividindo o tempo, quando acreditamos que na verdade estamos multiplicando
O dia nunca parece ter fim
E quando termina parece que foi insuficiente
Toda segunda feira é grilhão
Decepção
Mesmo quando tem sol na janela
Somos as nossas piores versões
Sedentos no meio do caos
Somos metade de tudo, inteiro de nada
Estamos doentes, alimentando a ilusão de progresso.
Nos matamos, para não morrer
Resumimos a prosperidade em questões materiais
O sucesso virou alguns cifrões a mais na conta
E somos infelizes, que buscam saciedade no conforto competitivo do consumo.
Perdemos a sensibilidade
Já não somos capazes de perceber as flores que nascem e morrem
O inseto que pousa e voa
O dente-de-leão que flutua quando bate o vento e viaja longe
Somos o descontrole total
Mantendo a pose de evoluídos
Matamos sonhos
Os nossos e dos outros
Temos quase nada de empatia e respeito
Mas nos sentimos ofendidos todos os dias.
Arredios
Agressivos
Intolerantes
Aplaudindo as tragédias que ecoam nos jornais.
Estamos tão estranho no mundo
Que sinceramente
Eu não sei como ele nos aguenta.
Charlene Angelim