João onde você está agora.
E agora João.
Você não respondeu de onde surgiu.
Muito menos quem foi o seu pai.
A vossa mãe.
Eu não sei quem foram os seus tios.
Suas tias.
Seus avôs.
Muito menos os bisavôs.
Não sei se foram portugueses.
Conheci seus irmãos.
Suas irmãs.
Meus tios e tias avôs.
Uma delas morava tão perto da vossa pessoa.
O tempo passou.
Também tive que ficar longe de sua pessoa.
Senti saudade.
Quando voltei.
Não estava mais no mesmo lugar.
A história não efetivou-se.
E tudo que sobrou foi à imaginação.
João não tinha mais ninguém para perguntar.
Então perguntei ao meu próprio desejo.
A vontade que sempre tive em saber.
Sobrou um espaço e foi à recordação.
De uma noite que o luar brilhava no infinito.
Era verão.
Chovia e o tempo estava quente.
Solitariamente, pilotava um jipe azul.
De fabricação inglesa.
Era forte e tinha tração nas quatro rodas.
Subia montanhas.
E descia trilhas entre pedras.
Naquela noite andei sem direção por diversos caminhos.
Imaginava os sonhos interpretativamente.
Esperando o sol despertar entre as árvores.
Era uma noite de sábado.
Ao amanhecer.
Dormi o dia todo.
Recordo desse fato fenomenológico.
Hoje distante.
Sem sonho.
Pergunto João onde você está agora.
Uma voz suave e muito longe respondeu.
Em nenhum lugar.
Pois não há nem mesmo um átomo.
Em que posso estar.
Uma imensa tristeza.
Por saber que a realidade tem que ser desse modo.
Mas quem é João, o meu avô.
João Dias da Silva.
Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.