Vidente
O tempo a se quedar e puir
As horas que o ser humano queria
Entre a construção do destruir
Surge o renascer quente da alma fria.
Não há nada mais apavorante
Que teu epitáfio já tivesse lido
Antes mesmo do ascensão necrosante
Na continuidade do ser extinguido.
O que as correntes de ar pregam
É as evidentes loucuras que cegam
Porque sempre que temos certeza
O erro nos abraça para se ver proeza.
Mas eu ainda tenho uma pergunta
Porque, ao futuro, o humano assunta?
Se ao longo da vida morre se tanto
E contra a morte não existe encanto.