Mar Bravo
Mar Bravo
A tempestade rebenta de fúria,
arremessando ondas nas fragas,
o vento acossa-me de lamentos.
Relampejam as luzes de festim,
anunciando pesadelos; lágrimas
se vertem do céu negro em desdita.
Todas as dores me são reveladas,
ribombam urros da solidão imensa
e eu sou açoitado de sal revolto.
Ouso gritar ao mar bravo desdém,
se me traz tais ventos tenebrosos,
porque não me levas nos destroços?
E o mar escala a falésia ferida,
banha-me de desprezo e se afasta
rugindo maldições e desventuras.
Ouso sussurrar ao mar bravo penas,
que me devoram cruéis as entranhas,
porque me negas novas de meu amor?
Porque me negas, mar bravo, a morte
de meu corpo gasto e fétido sem alma?
Que horrores me reservas na catacumba
da insanidade de mim, seu prisioneiro?
Quantas lágrimas - que já não possuo –
me exiges em resgate pelo sorriso dela?
Nesse desalento, sucumbo por fim exausto,
o mar bravo foge desordenado no horizonte,
o vento adormece por fim e o céu negro,
de negro, se desvanece num cinza dourado.
Olhando em redor, na branca rocha gasta,
uma bela flor silvestre recorda-me de ti!
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