Mar Bravo

Mar Bravo

A tempestade rebenta de fúria,

arremessando ondas nas fragas,

o vento acossa-me de lamentos.

Relampejam as luzes de festim,

anunciando pesadelos; lágrimas

se vertem do céu negro em desdita.

Todas as dores me são reveladas,

ribombam urros da solidão imensa

e eu sou açoitado de sal revolto.

Ouso gritar ao mar bravo desdém,

se me traz tais ventos tenebrosos,

porque não me levas nos destroços?

E o mar escala a falésia ferida,

banha-me de desprezo e se afasta

rugindo maldições e desventuras.

Ouso sussurrar ao mar bravo penas,

que me devoram cruéis as entranhas,

porque me negas novas de meu amor?

Porque me negas, mar bravo, a morte

de meu corpo gasto e fétido sem alma?

Que horrores me reservas na catacumba

da insanidade de mim, seu prisioneiro?

Quantas lágrimas - que já não possuo –

me exiges em resgate pelo sorriso dela?

Nesse desalento, sucumbo por fim exausto,

o mar bravo foge desordenado no horizonte,

o vento adormece por fim e o céu negro,

de negro, se desvanece num cinza dourado.

Olhando em redor, na branca rocha gasta,

uma bela flor silvestre recorda-me de ti!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 28/06/2016
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